Existem inúmeras ocasiões no golfe em que um jogador tem direito a alívio e, em muitas delas, o jogador conseguiria melhorar as possibilidades de superar os obstáculos à sua frente - frequentemente os mesmos que lhe deram direito ao alívio - com um conhecimento aprimorado das Regras.
Queremos dar um exemplo simples para mostrar a importância de um conhecimento básico das Regras do Golfe, e como esse conhecimento pode ajudar em determinadas situações. Inicialmente vamos escolher uma situação bastante comum, um ralo de drenagem. Se sua bola ficou em cima do ralo, ou perto deste ralo de modo que ao tomar normalmente seu stance, com o taco com que você pretende bater na bola, um de seus pés estaria apoiado no ralo, você tem direito a alívio, sem penalidade.
Um ralo de drenagem (boca de irrigação, placa de distância etc.) é um objeto artificial, que na nomenclatura do golfe é chamado de "obstrução". Existem dois tipos de obstrução - as fixas e as imóveis. No caso de ralos, bocas de irrigação etc. tratam-se evidentemente de obstruções fixas. Consequentemente (conforme a Regra 24) o jogador tem direito a alívio caso a obstrução interferir com seu stance (a posição de seus pés) ou com a área de swing.
Jogador, atenção! Por favor, não toque na sua bola até estudar todas as possibilidades de alívio e suas eventuais implicações.
Se sua bola está na situação acima, você tem direito a alívio na certa, mas como fazer isso? Conforme as Regras o jogador tem que identificar o "ponto mais próximo de alívio". O que é isto? Em palavras simples e resumidas é o local no campo, mais próximo da posição original da bola, onde poderíamos recolocar a bola de forma a obter alívio total da condição (neste caso o ralo) sem interferência do ralo com o stance e swing, e que nunca possa estar mais próximo do buraco do que a posição em que a bola estava. Para identificar corretamente este ponto, o jogador deve usar o taco que teria usado caso a obstrução não existisse.
Vamos imaginar que faltam 150 jardas para o green e o jogador vai usar um ferro 7. Assim ele se posiciona com seu ferro sete em várias pontos ao redor do ralo para ver qual é o ponto que oferece alívio total do ralo e que não esteja mais próximo do buraco. Ele identifica o ponto mais perto daquele onde a bola ainda se encontra.
Identificado este ponto, o famoso ponto mais próximo de alívio, o jogador deve marcá-lo com um objeto qualquer (o mais usual é um tee) e dropar sua bola dentro da distância do cumprimento de um taco deste ponto, em qualquer direção desde que não esteja mais perto do buraco. Para fins de medição deste cumprimento de um taco, ele pode usar qualquer taco que tenha na sua bolsa (até aquele monstruoso "belly-putter"). Mas, caro leitor - importantíssimo - a sua bola ainda está no ralo - você está somente avaliando as suas possibilidades.
Agora que estão identificados os dois pontos cruciais (o ponto mais próximo de alívio e o ponto limite do cumprimento de um taco, o que gera a área de um semicírculo) o jogador está obrigado a dropar sua bola de maneira que ela toque no campo, primeiramente, entre estes dois pontos. Depois de tocar no campo entre estes dois pontos a bola pode rolar uma distância de até dois tacos adicionais (novamente medida com o famoso "belly-putter" se quiser) e, satisfeitos outras exigências que mencionaremos em outra oportunidade (Regra 20-2c), o drope é válido e a bola está em jogo.
Em resumo, nesse caso de drope sem penalidade, a bola pode parar dentro de um raio de até três tacos de cumprimento da sua posição original e o alívio, de graça e sem penalidade, seria válido. Pode imaginar os coqueiros etc. que um jogador informado consegue tirar de sua linha de jogo somente por entender os limites permitidos pelas Regras.
Somente agora, com todas as possibilidades avaliadas, é o momento do jogador levantar a bola. Isso porque, em alguns casos, as opções de drope são piores do que a original e pode ser mais interessante jogar a bola como ela está mesmo com a interferência do ralo. Nesse caso, se a bola já tivesse sido levantada, o jogador teria a penalidade de uma tacada para recolocá-la no lugar original.
Favor lembrar que tratando-se de um drope qualquer, a bola sempre deve ser dropada pelo próprio jogador, de pé, da altura do ombro e com o braço estendido. Se não dropar assim, e antes de bater na bola, o jogador sempre pode corrigir dropando novamente com a técnica correta, e sem penalidade. Caso contrário, a penalidade por drope incorreto é uma tacada (Regra 20-2).
Neste artigo mencionamos os limites máximos de distância na situação de alívio, sem penalidade, de uma obstrução fixa.
(*)John Byers, irlandês radicado no Brasil desde 1979, foi aprovado em 1º lugar no curso de Regras do R&A de 2004, é assessor de Regras e contatos com o R&A da Confederação Brasileira de Golfe, arbitrou no Campeonato Mundial por Equipes na África do Sul, em 2006, e é o árbitro representante do Brasil na Federação Sul-Americana de Golfe.
Agora entendi - obrigado pela explicação !
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